Conselho Plenário da Ordem é concluído com discernimento e diálogo sobre o futuro da fraternidade 1b65
13/06/2025
O Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores foi encerrado no dia 11 de junho, em Santa Maria degli Angeli, na Porciúncula (Itália), como um momento significativo de discernimento e diálogo sobre o futuro da Ordem.
O último dia, moderado por Frei Jean Claude Kinombe, começou com a quinta sessão, dedicada à proposta e à escolha dos temas, métodos e local para o Capítulo Geral de 2027. Em seguida, na sexta sessão, foram votadas as propostas e apresentado o relatório do Conselho para os Assuntos Econômicos do O, conduzido pelo Ir. Saulo Duarte, Vice-Tesoureiro Geral.
O O delineou sete temas principais para o próximo Capítulo Geral de 2027:
- A missão compartilhada com a Família Franciscana
- Vivência do carisma franciscano em estilo sinodal
- Identidade carismática franciscana
- Repensar as estruturas
- Formação inicial e contínua
- Evangelização
- Justiça, Paz e Integridade da Criação
Quanto à duração, foi proposta uma ampliação para 21 a 25 dias, a fim de permitir uma experiência mais profunda de sinodalidade e contemplação. Diversos locais foram sugeridos para sediar o Capítulo de 2027, com preferência por regiões onde a Ordem esteja vivenciando uma “nova primavera”.
Em seu discurso final, o Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, destacou três movimentos profundos que atravessam a Ordem: a agem da conservação à transformação criativa; o movimento da centralização à corresponsabilidade efetiva; e a transição da geografia histórica à geografia atual da Ordem.
“Não desistimos”, afirmou o Ministro Geral. “Não caímos na tentação dos exilados da Babilônia, que diziam: ‘Nossos ossos estão secos, nossa esperança se foi’. Assim como Francisco não permitiu que sua inspiração evangélica fosse limitada por antigas regras monásticas, nós também escolhemos o caminho da reforma, com fé e ousadia. ”
O Conselho concluiu-se com uma solene celebração eucarística na Basílica de Santa Maria dos Anjos, presidida pelo Ministro Geral. Em sua homilia, refletindo sobre a figura de São Barnabé, Frei Massimo convidou os frades a serem “filhos da consolação” no mundo de hoje:
“Como Barnabé, somos chamados a aliviar os nossos fardos. Quanto lastro carregamos conosco! Quantas estruturas que antes eram úteis e agora se tornaram gaiolas! Quanto ‘ouro, prata e sacos’ que nos atrasam no caminho! O Evangelho nos pede liberdade, leveza e agilidade para chegar ao ‘Areópago’ do nosso tempo: os lugares onde as pessoas vivem, sofrem e esperam. ”
Com o olhar voltado para o futuro e o coração ancorado em seu carisma, a Ordem dos Frades Menores continua seu caminho de renovação, fiel ao legado de São Francisco e aberta aos sinais dos tempos.
Confira, a seguir, o discurso e a homilia do Ministro geral da Ordem, com tradução em português realizada pela Província da Imaculada.
Rumo ao futuro com fé e audácia k73h
Discurso do Ministro geral no encerramento do Conselho Plenário da Ordem 2025
Queridos irmãos,
O coração do carisma franciscano
Hoje, aqui na Porciúncula, onde Francisco convocava os primeiros Capítulos da fraternidade, encerramos um momento importante. Não pelas decisões tomadas – ainda que relevantes – mas pela maneira como as tomamos. Não sozinhos, como es de uma instituição, mas como família espiritual que escuta unida ao Espírito.
Há cinco dias, exatamente neste local, o Capítulo Internacional das Esteiras se concluía com uma certeza que hoje se fez carne: o carisma franciscano não é um patrimônio exclusivo nosso, a ser guardado com zelo, mas fermento vivo que transforma a história quando o partilhamos com generosidade. É sobretudo fermento de reconciliação e de paz neste momento histórico tão marcado por conflitos, divisões e formas de rejeição ao outro – especialmente aos mais fracos – somado à crise climática. Um tempo também ferido pela indiferença em relação à dimensão da fé e, muitas vezes, pela rejeição da herança cristã e de seu valor para os dias de hoje. Permaneçamos sempre atentos aos sinais dos tempos ao repensarmos nosso modo de vida atual.
O dom da continuidade: o Espírito de Pentecostes
O ícone de Pentecostes que contemplamos no início continua nos acompanhando. Vocês vieram das Conferências de todos os continentes, portando diferentes sensibilidades, mas o trabalho em comum fez emergir uma visão partilhada. O método sinodal não foi uma técnica organizacional, mas uma experiência espiritual que mudou nossa maneira de olhar para o futuro da Ordem.
Não foi por acaso que nosso Conselho Plenário fluiu naturalmente do diálogo com leigos e religiosas às eleições estruturais da Ordem. O Capítulo das Esteiras já havia nos aberto esse caminho: o futuro franciscano se constrói em conjunto, não isoladamente.
Um novo clima
Observei algo precioso nestes dias: o clima de busca e de diálogo foi bom e aberto, não “político” no sentido deteriorado que às vezes permeia também nossas assembleias.
Falamos de estruturas, números, composição do Definitório, geografia das Conferências, mas com o olhar sempre fixo na vida evangélica em missão. Buscamos juntos, com paciência e humildade, alguns elementos da vontade de Deus para nosso tempo.
Isso foi possível porque a experiência do Capítulo das Esteiras já nos havia libertado de certo medo da mudança. Ter trabalhado lado a lado com leigos e religiosas nos mostrou que abrir-se não significa perder identidade, mas reencontrá-la de forma mais pura e autêntica.
Os grandes movimentos que atravessam a Ordem
Irmãos, as propostas que vocês apresentaram não foram meros ajustes marginais. Apontam para três grandes movimentos que atravessam toda a Ordem:
Primeiro movimento: da conservação à transformação criativa
Em minha mensagem inicial, pedi a ousadia de repensar nosso modo de ser fraternidade internacional. Vocês responderam com coragem profética:
- Sim ao Capítulo Geral com 25 dias de duração, para permitir uma verdadeira experiência sinodal;
- Sim à abertura parcial e estruturada do Capítulo aos leigos, superando oito séculos de tradição puramente clerical;
- Sim a novas modalidades de acompanhamento das Entidades em crescimento e transformação;
- Sim a uma preparação capitular que envolva toda a família franciscana.
Isso não é um reformismo superficial. É a mesma ousadia de Francisco, que recusou as regras monásticas precedentes para ser um “louco novo” no mundo. É a fidelidade criativa que distingue o essencial do ório, o carisma de suas formas históricas contingentes.
Segundo movimento: da centralização à corresponsabilidade efetiva
Diante da proposta do Definitório Geral para tornar mais eficaz o governo da Ordem, vocês não escolheram o caminho do controle reforçado. Escolheram o caminho evangélico da responsabilidade compartilhada.
Suas propostas redesenham as relações entre a Cúria Geral, as Conferências e as Entidades:
- As Conferências tornam-se cada vez mais instrumentos operacionais de um governo “participativo”;
- Os Presidentes de Conferência tornam-se colaboradores efetivos do Definitório Geral;
- Introduz-se a possibilidade de um secretário de Conferência com mandato fixo;
- Preveem-se Assembleias Gerais ampliadas para coordenar Formação, Evangelização e JPIC.
- Em uma Ordem que muda sua geografia e necessidades, o governo pode se tornar uma rede de corresponsabilidade que valorize a riqueza de cada território, sem perder a unidade da missão.
Terceiro movimento: da geografia histórica à geografia atual da Ordem
A mudança mais significativa refere-se ao nosso modo de ler o mapa franciscano do mundo. Por séculos, pensamos a Ordem com seu centro na Europa. Hoje, a realidade é diferente.
A Ordem cresce na Ásia e na África, se reconfigura criativamente na América Latina, se transforma – sem sofrer ivamente – com a diminuição na Europa e América do Norte. Suas propostas apontam longe:
- Repensar a composição do Definitório Geral para que reflita a geografia atual da Ordem;
- Possibilidade de realizar o Capítulo Geral de 2027 na Ásia ou na África, onde a Ordem vive uma nova primavera;
- Reorganização das Conferências segundo critérios de capacidade real de colaboração.
Essa mudança de paradigma não elimina o precioso patrimônio do Ocidente franciscano. Coloca-o a serviço do crescimento global da Ordem, em espírito de verdadeira catolicidade.
Respostas concretas aos desafios do nosso tempo
Diante dos desafios específicos que mencionei no discurso inicial, chegaram respostas concretas:
- Sobre a formação e as vocações: não nos limitamos a pedir a revisão da Ratio Formationis Franciscanae. Propusemos mecanismos concretos de colaboração entre Conferências, partilha de formadores qualificados, desenvolvimento de currículos comuns, criação de redes de acompanhamento vocacional.
- Sobre o governo mais eficaz da Ordem: começamos a repensar o sistema de governo, esclarecendo papéis, competências e formas de coordenação. O Definitório Geral pode se tornar o nó de uma rede de corresponsabilidade que envolva os Presidentes de Conferência.
- Sobre a economia franciscana: enfrentamos com realismo os desafios econômicos, propondo critérios concretos para acompanhar Entidades em transformação. A economia fraterna não é apenas um ideal espiritual, mas uma prática concreta.
- Sobre a identidade franciscana neste tempo de mudanças: a proposta de abrir parcialmente o Capítulo Geral aos leigos é o reconhecimento de que a identidade franciscana, hoje, se compreende no seio da família ampliada do carisma.
O espírito sinodal que dá frutos
O método sinodal experimentado no Capítulo das Esteiras já começou a mudar nosso modo de trabalhar. Já não temos medo de imaginar formas novas, de ousar caminhos inéditos, de nos confiarmos ao Espírito que “faz novas todas as coisas”.
A presença de leigos e religiosas nos libertou de certa autorreferencialidade. Descobrimos que o carisma franciscano é maior do que nós e que, paradoxalmente, quanto mais o partilhamos, mais o compreendemos.
Rumo ao Capítulo Geral 2027: uma visão aberta
Agora temos um caminho claro rumo ao Capítulo Geral de 2027. Ele não será apenas uma assembleia de frades que decidem pelos frades – será um momento da família franciscana que discerne, em conjunto, o futuro, na fidelidade ao Evangelho e a Francisco.
Suas propostas traçam possibilidades para um Capítulo renovado:
- Mais amplo (21 a 25 dias), para permitir um verdadeiro espaço sinodal;
- Mais inclusivo, com momentos de participação de leigos, jovens, postulantes e noviços;
- Mais espiritual, com mais espaço para escuta, oração, silêncio e adoração.
Este Capítulo deverá enfrentar questões complexas: nossa identidade de irmãos e menores em missão hoje, o relançamento da pastoral juvenil e vocacional, a revisão das estruturas, o futuro das Conferências, a composição do Definitório, a gestão das Entidades em transformação. Espero que o faça com um espírito renovado, certos de que o Senhor continua a guiar a Ordem por meio de sua Palavra, do carisma recebido e dos sinais dos tempos.
O realismo da esperança franciscana
Irmãos, não escondemos as dificuldades da nossa Ordem. Falei delas com franqueza: Entidades que diminuem, desafios econômicos, infidelidade à vocação, a chaga dos abusos que exige uma mudança radical de mentalidade.
Mas não desistimos. Não caímos na tentação dos exilados da Babilônia, que diziam: “Nossos ossos estão secos, nossa esperança se perdeu.” Como Francisco, que não deixou que sua inspiração evangélica fosse limitada pelas antigas regras monásticas, também nós escolhemos o caminho da reforma, com fé e audácia.
O realismo franciscano é o olhar de quem sabe ver a realidade como ela é – com seus sofrimentos e suas potencialidades – e se confia à ação transformadora do Espírito.
A Ordem que cresce: sinais de esperança
Vejo a Ordem crescer na Ásia e na África, com vocações jovens e vigor missionário. Vejo a América Latina manter uma presença significativa, com paixão pela evangelização e pela partilha com os pobres. Vejo a Europa e a América do Norte se reinventando com criatividade.
Vejo uma “nova geração” de frades com diferentes sensibilidades: mais atentos à dimensão humana e afetiva, em busca de uma experiência de fé mais espiritual, sensíveis à ecologia integral, abertos ao diálogo intercultural e à colaboração com os leigos. Vejo experiências de Novas Formas que reacendem o fogo da evangelização.
O Espírito também age em nossas vulnerabilidades, em nossos fracassos. Ele nos ensina a arte franciscana de transformar pedras rejeitadas em pedras angulares.
Peregrinos e forasteiros no mundo de hoje
Irmãos, saímos deste Conselho Plenário como “peregrinos e forasteiros” no mundo, mas com ideias claras. O futuro franciscano se constrói:
- Junto com os leigos, não sem eles. A estação de uma certa autossuficiência chegou ao fim. O carisma pertence à família ampliada.
- Com estruturas leves e funcionais, não pesadas e autorreferenciais. Tudo o que não serve à fraternidade e à evangelização deve ser aliviado.
- Com corresponsabilidade real, não com delegação formal. O governo da Ordem deve ser serviço de muitos, conforme os diversos carismas.
- Com os olhos voltados para os lugares onde a Ordem cresce. O futuro franciscano fala línguas diversas, tem cores diferentes, expressa sensibilidades culturais que enriquecem o carisma originário.
Um mandato para o futuro
O Conselho Plenário nos entrega um mandato preciso:
- Preparar o Capítulo Geral 2027 com autêntico espírito sinodal;
- Experimentar as formas de colaboração propostas entre a Cúria Geral e as Conferências;
- Acompanhar os processos de transformação das Entidades;
- Aprofundar a reflexão sobre a identidade franciscana e a corresponsabilidade com os leigos.
Não são tarefas burocráticas, mas os de um caminho espiritual que está nos transformando. Cada decisão organizacional deve também ser uma escolha evangélica.
Encomendação final
O Senhor nos agraciou nestes dias. Experimentamos que é possível mudar permanecendo fiéis, inovar sem trair, abrir-se sem perder a identidade. Agora cabe a nós sermos fiéis às intuições recebidas.
Que Santa Maria, que aqui na Porciúncula nos guarda como guardou a Francisco e aos primeiros frades, nos obtenha a graça da perseverança neste caminho.
Que São Francisco, que aqui viveu os momentos mais decisivos de sua conversão e do nascimento da Ordem, nos inspire escolhas cada vez mais corajosas e proféticas.
Que o Espírito Santo, Ministro geral da nossa Ordem, continue a nos guiar rumo à plena verdade, fazendo novas todas as coisas sem destruir a memória do ado.
Ide em paz, irmãos. Levem ao mundo o Evangelho da alegria. Sejam testemunhas de que a Fraternidade é possível. Sejam fermento de esperança em um mundo que muitas vezes teme o futuro.
A Ordem dos Frades Menores tem diante de si um futuro rico em possibilidades. Cabe a nós, com a ajuda do Espírito, preparar esse futuro com a astúcia das serpentes e a simplicidade das pombas.
O Senhor vos dê a paz!
Frei Massimo Fusarelli, OFM
Ministro geral
Santa Maria dos Anjos – Porciúncula, 11 de junho de 2025
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para a Memória de São Barnabé Apóstolo 4a1d1n
no encerramento do Conselho Plenário da Ordem 4s453h
Santa Maria dos Anjos, 11 de junho de 2025
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje celebramos aqui em Santa Maria dos Anjos, ao concluir o Conselho Plenário da Ordem, a memória de São Barnabé, o apóstolo que talvez conheçamos menos, mas que tem muito a nos ensinar. Seu nome significa “filho da consolação” – e isso já nos diz muito: ele era alguém que sabia enxergar o bem nos outros, que animava, que fazia renascer a esperança. Uma figura humilde que acompanhou os inícios da Igreja sem nunca se colocar no centro.
A humildade que reconhece os dons
Lembremos o que nos conta São Lucas no livro dos Atos: em Antioquia está acontecendo algo extraordinário. Os pagãos, aqueles que nunca haviam entrado em uma sinagoga, estão abraçando o Evangelho. A Igreja de Jerusalém envia Barnabé para ver o que está acontecendo. E ele, ao chegar, em vez de se preocupar ou colocar obstáculos, alegra-se. Vê a graça de Deus agindo e se enche de alegria.
No entanto, Barnabé faz algo mais. Lembra-se daquele jovem apaixonado que conhecera anos antes: Saulo de Tarso, o que antes perseguia os cristãos. Muitos ainda desconfiavam dele. No entanto, Barnabé havia visto algo nos olhos de Paulo, havia reconhecido seus dons. E então faz algo revolucionário: vai procurá-lo em Tarso.
Barnabé caminhando pelas ruas de Tarso, perguntando: “Onde está Paulo? Preciso dele para anunciar o Evangelho aos pagãos”. Que humildade! Que sabedoria! Não temia ser ofuscado por alguém mais jovem e brilhante do que ele. Havia compreendido que a missão é maior do que nossos egos.
De dois em dois, como pede Jesus
E assim começa sua pregação de dois em dois, como Jesus havia pedido no Evangelho que acabamos de ouvir. Não sozinhos, não como lobos solitários, mas juntos. Porque o Evangelho se anuncia na fraternidade, na relação, na complementaridade dos dons.
E fazem isso com gratuidade: “De graça recebestes, de graça deveis dar”, diz Jesus. Nada de ouro, nada de prata, nada de alforjes pesados. Apenas o essencial: a paz de Cristo para levar às casas, a Palavra que cura, a presença que consola.
Recomeçar de dois em dois em nosso tempo
Queridos irmãos, muitos de nós vivemos em lugares onde a Igreja é cada vez mais marginal. Já não estamos no centro da sociedade, muitas vezes nossa voz parece não interessar a ninguém. É fácil desanimar, fechar-se em si mesmo, lamentar que “antes era diferente”.
Mas é justamente aqui que São Barnabé nos mostra o caminho: recomeçar de dois em dois. Não sozinhos, não com grandes estruturas que fazem barulho e não geram vida. De dois em dois, em pequenas fraternidades que escolhem novamente o Evangelho como centro de sua vida.
Como Barnabé, somos chamados a aliviar nossos fardos. Quantos pesos desnecessários carregamos! Quantas estruturas que um dia serviram e hoje se tornaram prisões! Quantos “ouros, pratas e alforjes” nos atrasam no caminho! O Evangelho nos pede liberdade, leveza, agilidade para chegar aos “areópagos” do nosso tempo: os lugares onde as pessoas vivem, sofrem, esperam.
Perguntas para o caminho
Também as estruturas da nossa Ordem existem para a vida e o anúncio do Evangelho. O restante é secundário. Então, queridos irmãos, permitam-me fazer algumas perguntas que também faço a mim mesmo:
– Seremos capazes de nos libertar de tantos pesos desnecessários para redescobrir a liberdade e a frescura da nossa vocação?
– Seremos capazes de nos motivar novamente para responder ao chamado segundo nosso carisma, deixando para trás o que já não serve?
– Seremos capazes de crer que nosso carisma está vivo e espera ser ainda mais vivo hoje, por meio de nossa resposta humilde e corajosa?
Como Barnabé, podemos ter a coragem de ir ao encontro dos “Paulos” do nosso tempo: os jovens que têm fogo no coração e que ninguém valoriza; as pessoas feridas que poderiam tornar-se testemunhas extraordinárias; aqueles que têm talentos ocultos que apenas esperam ser reconhecidos; os buscadores de Deus do nosso tempo, que muitas vezes não sabem a quem nem como buscar.
A paz que levamos
O Evangelho nos diz: “Se aquela casa for digna, que a vossa paz desça sobre ela”. A paz que levamos não é nossa, é de Cristo. É essa paz que nasce da certeza de que seguir o Senhor Jesus nos dá liberdade, não correntes.
Nestes dias de fraternidade, busca e oração comum que vivemos juntos, experimentamos o dom de ser Igreja. Agora voltamos para nossas terras, e não como viemos. Voltamos levando esta palavra de paz e liberdade a nossos irmãos e a muitos outros.
Conclusão
São Barnabé nos ensina que a grandeza não está no protagonismo, mas em saber reconhecer e fazer crescer os dons dos outros. A verdadeira autoridade evangélica é a daquele que sabe sair de cena para que Cristo cresça, daquele que sabe buscar os talentos ocultos para colocá-los a serviço do Reino.
Como ele, escolhemos a gratuidade diante da lógica do lucro. Como ele, escolhemos a simplicidade diante da acumulação inútil. Como ele, escolhemos a fraternidade diante do individualismo.
E como escreve São Paulo: “Anunciarei aos irmãos a salvação do Senhor”. Essa é a nossa alegria, essa é a nossa tarefa, essa é a nossa paz.
Amém.
Frei Massimo Fusarelli, OFM
Ministro geral
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Adriana Rabelo Rodrigues, com informações: https://www.ofm.org/concluso-il-consiglio-plenario-dell-ordine.html