Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM 115h6y

A prática do jejum 364l

18/01/2021 176o5d

                                                                                                         Imagem ilustrativa (fonte: Canva)

Frei Jacir de Freitas Faria, OFM

O evangelho que hoje nos inspira é Mc 2,1-18. A temática aí tratada é a questão do jejum judaico e sua relação com Jesus, que é chamado de noivo na agem. Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando, conforme os rituais previstos no judaísmo, mas Jesus e seus discípulos, não. Jesus foi questionado pelos fariseus sobre o porquê de tal comportamento, e responde que ninguém faz jejum nos dias de comemoração de bodas de matrimônio. Aliás, diga-se de agem, uma festa de casamento durava sete dias.

Seguindo a linha de pensamento de Jesus, reflitamos sobre a prática do jejum. Observe que na agem de Mc 2,1-18, o jejum é tão importante que o verbo jejuar aparece seis vezes, e noivo, três. Observe também que o texto começa com uma controvérsia, uma disputa entre os fariseus e Jesus, seguida de uma profecia no v. 20: “quando o noivo for tirado, aí sim, jejuarão”, bem como de duas afirmativas de cunho sapiencial, nos versículos 21 e 22: a do remendo novo em roupa velha e a do vinho novo em odres velhos. Tudo indica que Jesus terá dito esses dois provérbios em outro contexto, mas eles foram acrescentados nessa agem pelo redator final.

O jejum era uma prática comum entre os fariseus. Eles jejuavam duas vezes por semana, às segundas e quintas-feiras (Lc 18,12). O povo tinha a prática de jejuar no dia do perdão, Yom Kippur, em hebraico (Lv 16,29-34). O fato de poder jejuar duas vezes por semana indicava a classe social e de seu praticante, bem como dividia, a partir da religião, a classe de puros e impuros. Poucos podiam se dar ao luxo de jejuar. O texto diz que os discípulos de João Batista jejuavam, o que poderia ser por causa da morte do mestre, pois o jejum era recomendado em situação de morte de alguém querido. Com a morte de Jesus, os cristãos aram a praticar o jejum em solidariedade ao Mestre que foi crucificado injustamente pelas lideranças religiosas e romanas. Já o jejum quaresmal ganhou, mais tarde, o significado de partilha com os necessitados.

A reação de Jesus diante da provocação dos fariseus foi a de dizer que ele era o noivo, o Messias, esperado por Israel (Is 25,6; 55,1-2; Sl 22,27). Jesus critica os fariseus por não saberem ler o sinal dos tempos.

Com o uso dos provérbios do pano e odre velhos, Jesus ensina que Ele é o noivo que rasga os panos e odres velhos do sistema judaico corrompido por práticas religiosas ultraadas. O velho sistema, representado pelos fariseus, não ava as práticas de Jesus, pois elas rasgavam o velho pano que não ava remendos. Isso vai ficar claro com a sua morte, quando o véu do templo se rasga de cima a baixo (Mc 15,38). Antes, quando Jesus estava sendo interrogado pelo Sumo Sacerdote, este rasga suas túnicas para simbolizar a divisão que Jesus havia instaurado (Mc 14,63).

Jesus levou o sistema religioso do seu tempo a entrar em colapso. E hoje? O que fazer? O hoje depende de cada um de nós. Depende de mim, depende de você. Chegou a hora de a Igreja retomar o vigor profético da proposta de Jesus. E, se preciso for, o jejum pode ser um bom aliado. Infelizmente, estamos vivendo na Igreja a volta dos “velhos panos” que cobrem corpos litúrgicos e impedem o surgimento de um vinho novo, na ‘Alegria do Evangelho’ e na certeza de que ‘Irmãos somos todos nós’ na busca de um novo tempo. Que Deus nos socorra!


Frei Jacir de Freitas Faria, OFM – Doutor em Teologia Bíblica pela FAJE-BH. Mestre em Ciências Bíblicas (Exegese) pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. É membro da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). Sacerdote Franciscano. Autor de dez livros e coautor de quatorze. Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/FreiJacirdeFreitasFariaB%C3%ADbliaAp%C3%B3crifos

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